Duas frases resumem a natureza e intenção de Mundano, o novo show do cantor e compositor Arthur Nogueira: “o autor não existe”, de Foucault, e “te amar é um claro assunto no breu”, de Antonio Cicero.
Por ser, antes de qualquer outra coisa, uma mostra autoral – estamos diante de um compositor - torna-se muito conveniente discutir a criação em si. Para Foucault, ele - o autor - é “apenas mais um elo na cadeia de raciocínio”, uma ferramenta pela qual as palavras brotam com seus próprios desígnios. Assim como diz a letra de “Canção pra canção”, de Felipe Cordeiro, é necessário oferecer a uma canção bons motivos, dores, licores, cantos... Aí ela resiste, resiste até que fura: mundana.
Mas, se por um lado, o termo Mundano alude àquilo que é do mundo, como as canções, por outro também alude aos prazeres materiais. Na letra de “$ Cara”, parceria com a irmã Marina Lima, Antonio Cicero começa afirmando que “jamais foi tão escuro no país do futuro e da televisão” - relacionando o termo escuro com o que há de mais duvidoso, ilícito e triste - e termina constatando que, mesmo em meio aos breus, amar ainda é um claro assunto. E talvez o único. Ou seja, com muita propriedade, o poeta coloca o amor como uma perspectiva ao mal-estar das civilizações. Costurando tudo isso, a canção-título, “Mundano”, de Vital Lima, é uma bela cena noir de um amor que finda, questionando se “a felicidade pode ser que tenha a ver com algo a dois”.
Além das canções próprias - parcerias com nomes como Vital Lima, Leandro Dias, Marcelo Ribeiro e o próprio Antonio Cicero - que norteiam todo o roteiro, também estarão no set list pepitas dos Novos Baianos, “Dê um rolê” e “Mistério do Planeta”; Caetano Veloso, “Superbacana”; Adriana Calcanhotto, “Por que você faz cinema?” e “Inverno”; Roberto e Erasmo Carlos, “Ilegal, imoral ou engorda”; e até uma releitura de “Duo”, canção da banda de rock Madame Saatan. Da mesma banda faz parte o guitarrista Edinho Guerreiro, que tocará no show inteiro e cuja participação é importantíssima para desenlaçar qualquer amarra estilística. A direção musical fica por conta de Felipe Cordeiro, que também tocará violão.
A intenção de Mundano é manter acesa a chama da poesia e dos bons autores não apenas nos “guetos” alternativos, começando pelo caminho mais óbvio de fugir da formalidade dos Teatros - onde o público acaba sendo mais restrito - para a informalidade de um espaço como o Café Imaginário: livre e cheio do ir-e-vir de um público altamente plural...
FICHA TÉCNICA:
Produzido e concebido por Arthur Nogueira
Direção musical: Felipe Cordeiro
Banda:
Felipe Cordeiro: violão
Edinho Guerreiro: guitarra
Arthur Kunz: bateria.
Assistentes de produção:Ana Léa Marçal, Alysson Barros e Dário Jaime
Assessoria de imprensa: Gláfira Lobo
Apoio:
Pomme D'or
EUBELEM
Estúdio Apce Music Edition
MGM - Arquitetura, construção e serviços Ltda
SERVIÇO:
Mundano – Arthur NogueiraDia 10 de Novembro de 2007 – Sábado – 23hsCafé Imaginário (Quintino Bocaiúva, entre Boaventura da Silva e Tiradentes)
Couvert: R$3
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